:: Orquestra Afrobrasileira (Emanoel Araújo/Gregóire de Villanova)

Título: Abigail Moura – A Orquestra Aro-Brasileira
Projeto integrado à exposição: Negras Memórias, Memórias de Negros
Projeto: Emanoel Araújo
Produção Executiva e Pesquisa Bibliográfica: Gregóire de Villanova
Ano Lançamento: 2003

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RESENHA
Por Danilo Brito 

O livro apresenta a história do músico Abigail Cecilio de Moura, mineiro de Muriaé, nascido em 1904. Multiinstrumentista, o músico toca vários tipos de instrumentos, como triângulos, caixa, instrumentos percussivos e também o trombone. Essa obra também versa sobre a história da Orquestra Afro-Brasileira, grupo musical de grande relevância para história do nosso país.

Além de sua trajetória, o autor relata a história de Elsie Houston, uma cantora soprano considerada uma das maiores intérpretes de Villas-Lobos. Elsie participou do movimento de renovação da cultura brasileira, buscando mesclar o erudito com as músicas populares, considerado à época dos anos 20 e 40 uma verdadeira revolução. Nesse sentido, observa-se uma grande diferença entre Elsie e Abigail, uma vez que o maestro Abigail fazia seus arranjos e composições ligado à religiosidade, como forma de reverenciar uma divindade nas apresentações da orquestra. Comprometido com as causas negras, o autor aborda a sua história, mostrando, com sua originalidade, que idealizou a orquestra para reverenciar o seu passado, as cantigas dos seus avós e, de modo
mais, amplo, para valorizar a memória dos negros e a marca da ancestralidade da África.

Apesar da dificuldade de encontrar relatos e materiais sobre Abigail e Elsie, os pesquisadores conseguiram reunir informações pertinentes e fotografias sobre a orquestra. Relata-se que a orquestra utilizava instrumentos percussivos de origem africana ligados ao candomblé, a exemplo do Rum, o Rumpi e o “ Lê”; também tinha instrumentos como baixo, piano, saxofones, Trompetes, entre outros. Desse modo, com uma forte influência da música e rituais africanos, que hoje são conhecidos na cultura afro-brasileira como “macumba”. A orquestra
tocava ainda outros ritmos de matrizes africanas, como frevo e maracatu.

Inicialmente, a inovação e originalidade do maestro não refletiam em popularidade e reconhecimento no mercado fonográfico, contudo, ao se aproximar de músicos como Pixiguinha, Donga e Anacleto de Medeiros e por frequentar a casa de mãe de santo e núcleo dos negros, conseguiu alcançar o sucesso com sambas enredos e partido-altos, se destacando na cena cultural no começo dos anos 40.

A Orquestra Afro-brasileira nasceu em 1942, quando conheceu a cantora Maria do Carmo e logo, em contato com músicos eruditos de países de vários lugares do mundo, a orquestra se tornou referência causando curiosidade a todos pelos belíssimos arranjos.

Com objetivos e sonhos grandiosos, o maestro tinha um sonho da orquestra não ter o padrão de regência como de normal, mas que fosse algo ligado a Dança, mais gestual, corporal, e pensava também que se usasse trajes relacionados ao candomblé, contudo, esses sonhos não se realizaram, pois à época houve muita
perseguição política e incompreensão do projeto, devido, principalmente, ao racismo estrutural.

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