ANÁLISE DE FONOGRAMA, “BRASIL PANDEIRO” (1940)
Por Gilton Ribeiro Santos
Anjos do Inferno
Informação geral
País: Brasil
Gênero(s):Samba, Marchinha de Carnaval, Outros
Período em atividade:1934 – 19571959 – após 1967
Gravadora(s) :Columbia, Continental, RCA Victor
Copacabana
Integrantes
Léo Vilar
Aluísio Ferreira
Harry Vasco de Almeida
Roberto Medeiros
Walter Pinheiro
Russinho
Ex-integrantes
Gaúcho
Miguel Ângelo
Paulo César
Miltinho
Nanai
Hélio Verri
Renato Batista
Filipe Brasil
Moacir Bittencourt
Alberto Paz
Antônio Barbosa
José Barbosa
Milton Campos
Oto Alves Borges
O auge da carreira dos Anjos do Inferno foi nos anos 40, na época de ouro do rádio. Foram contratados pelas principais emissoras de rádio do Brasil, tocaram em cassinos e gravaram diversos sucessos de carnaval. conjunto excursionou pela América Latina e Estados Unidos, onde tocou com Carmen Miranda. No total os Anjos do Inferno gravaram uns 86 discos pelas gravadoras Columbia, Continental, Copacabana e RCA Victor.
Música: Brasil Pandeiro
Compositor: Assis Valente
Ano De Gravação: 1940
Gravadora: Continental
Cidade: São Paulo
“Brasil Pandeiro” é um samba-exaltação composto por Assis Valente, onde o autor baiano exalta o samba e o povo brasileiro. Junto a “Recenseamento”, havia sido composta especialmente para Carmem Miranda, então recém-chegada dos Estados Unidos em 1940, que gravou aquela mas, sobre “Brasil Pandeiro”, soltou: “Assis, isso não presta. Você ficou borocoxô.” Valente ficou magoado, principalmente porque a canção adquiriu grande reputação tardia sob a regravação dos Anjos do Inferno. Anos mais tarde, foi popularizada e regravada pelos Novos Baianos em 1972 no álbum Acabou Chorare, sob a sugestão do mentor do grupo João Gilberto, mas aí Valente já havia falecido. “Brasil Pandeiro” é quase um hino compatível à “Aquarela do Brasil” que, inclusive, possui um motivo rítmico do acompanhamento repetido na canção de Valente, com intenção de imitar o tamborim, e mostra que a escolha do pandeiro como instrumento enquanto adjetivo da nação eleva a batucada ao patamar de valor cultural relevante, pertencente ao domínio dos personagens do mundo do samba.
Anjos do Inferno foi um conjunto vocal e instrumental brasileiro de samba e marchinha de carnaval formado em 1934. O grupo teve diversas formações ao longo de uns 30 anos, mas mesmo assim conseguiu criar uma identidade sonora típica, devida principalmente ao pistom. O nome veio como ironia à orquestra Diabos do Céu, dirigida por Pixinguinha e muito popular nos anos 30.
Clave do Cabila
A clave está presente em toda música, gravada pelos anjos do inferno o grupo vocal, evidência a clave completamente falada em cada parte da harmonia, melodia e no ritmo. Não tem como discutir tamanha afirmação.
Trecho
Chegou a hora
Dessa gente bronzeada mostrar seu valor
Eu fui à Penha
Fui pedir à Padroeira para me ajudar
Em toda música o compositor ironiza o povo americano e a figura ícone dos americanos o Tio Sam ou Samuel Wilson que foi um comerciante americano que supostamente serviu de inspiração à personificação dos Estados Unidos conhecida como “Tio Sam”. Na época da Guerra anglo-americana de 1812, Wilson obteve um contrato de fornecimento de carne para o Exército dos Estados Unidos, que ele enviava em barris.
Trecho
O Tio Sam está querendo conhecer
A nossa batucada
Anda dizendo que o molho da baiana
Melhorou seu prato
Fontes:
https://www.musixmatch.com/pt-br
BIOGRAFIA | ASSIS VALENTE (1911 -1958)
Por Gilton Ribeiro Santos
Nome completo: José de Assis Valente
Nascimento: 19 de março de 1911 Santo Amaro, BA
Morte: 6 de março de 1958 (46 anos) Rio de Janeiro
Residência: Rio de Janeiro
Nacionalidade: Brasil brasileira
Progenitores
Mãe: Maria Esteves Valente
Pai: José de Assis Valente
Cônjuge: Nadyli da Silva Santos (1939-1942)
Filho(s): Nara Nadyli
Ocupação: Compositor
Principais trabalhos
Uva de Caminhão
Brasil Pandeiro
Boas Festas
Cai, Cai, Balão
Era filho de José de Assis Valente e D. Maria Esteves Valente. Segundo relatava, fora roubado aos pais, ainda pequeno, sendo depois entregue a uma família santoamarense que lhe deu educação, ao tempo em que o forçava ao trabalho, algo extenuante.
Quando tinha seis anos, passou por nova mudança, passando a ser criado pelo casal de Alagoinhas Georgina e Manoel Cana Brasil, dentista naquela cidade. Valente realizava trabalhos domésticos a contragosto, mas, com a mudança do casal para a capital baiana, logo conseguiu trabalho no Hospital Santa Izabel e, por suas habilidades, acabou sendo contratado pelo médico irmão de seu pai adotivo, que dirigia a Maternidade da Bahia. Ali demonstrou talento e foi matriculado pelos criadores no Liceu de Artes e Ofícios da Bahia, a fim de aprimorar-se no desenho e em escultura, dividindo seu tempo entre o trabalho e o estudo.
Por esta época, foi convidado por um padre para trabalhar num hospital católico na interiorana cidade de Senhor do Bonfim mas, ao declamar versos anticlericais do poeta Guerra Junqueiro numa festa popular, foi demitido. Juntou-se, então, ao Circo Brasileiro, em que declamava versos de grandes poetas e de improviso
Em 1927 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se empregou como protético e conseguiu publicar alguns desenhos em revistas como Shimmy e Fon-Fon.
Na década de 1930, compõe seus primeiros sambas, bastante incentivado por Heitor dos Prazeres. Muitas de suas composições alcançam o sucesso, nas vozes de grandes intérpretes da época, como Carmen Miranda, Orlando Silva, Carlos Galhardo e muitos outros. Sua admiração por Carmen fê-lo até procurar aprender a tocar, pensando que o professor fosse pai adotivo da cantora — o que não procedia. A paixão não impediu que para ela compusesse várias canções, sempre presentes em seus discos.
Em função de uma dívida cobrada por Elvira Pagã, Assis Valente tentou o suicídio pela primeira vez, cortando os pulsos. Elvira cantara alguns de seus sucessos, junto da irmã.
Em 1938 chegou a anunciar que encerraria a carreira de compositor; a revista Carioca, neste ano, declarava em matéria em sua homenagem: “Assis Valente foi sem dúvida alguma uma das maiores revelações do samba nos últimos tempos. Seu nome surgiu num instante. Cresceu rapidamente. Foi durante muito tempo o “ás” da música popular. Não subia uma revista à cena que uma, ou mais, de suas músicas não fossem incluídas na peça. Foi um nunca acabar.”
Casou-se, em 23 de dezembro de 1939, com Nadyli da Silva Santos. Em 1941, no dia (13 de maio) tentaria o suicídio mais uma vez, saltando do Corcovado — tentativa frustrada por haver a queda sido amortecida pelas árvores. Em 1942 nasce sua única filha, Nara Nadyli, após o que se separa da esposa.